A consciência de uma questão
negra no Brasil ainda é um debate surpreendentemente
atual. Normalmente a polêmica em torno do tema é reduzida a oposição entre os
que defendem uma política ações afirmativas, tais como o sistema de cotas e os
que acham que a questão da desigualdade social não pode ser subordinada a
questão racial.
Mas trata-se de uma discussão muito mais
ampla. Afinal, não há como negar que, por maiores que sejam um dia os avanços
sociais possíveis neste país, o negro sofre ainda na sociedade tupiniquim a
herança do velho sistema escravista. Não pela escravidão em si. Mas pelo fato
de que seu fim não representou a conversão do negro em força de trabalho livre
e assalariada, devidamente incorporada a sociedade republicana. Pelo contrário,
ele foi renegado a própria sorte e a mão de obra assalariada passou a ser
sinônimo de imigrantes brancos e europeus.
Esta marginalidade do negro
consolidou-se e, afirmar o contrário é negar o vidente fato de que há poucos
negros em condição de mando e poder, sendo a “elite” nacional essencialmente branca. Negras são as favelas e
os guetos.
Assim sendo, nada mais urgente do
que admitir que a cultura tupiniquim do samba , da bunda e do carnaval é também
uma cultura racista e preconceituosa.
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