A hipótese anarquista de uma
sociedade onde as pessoas sejam capazes de gerir sua própria vida, sem relações
verticais ou coercitivas, pode parecer para muitos um utopismo ingênuo. Mas se
assim o fosse teríamos que admitir a mediocridade do animal humano, condenado a
prisão de suas fantasias coletivistas, vaidades e ambições sem sentido que sempre tendem ao totalitarismo.
Relações societárias são construídas
e não algo dado. Na medida em que nos tornamos mais conscientes de nós mesmos,
de nossa individualidade, em uma cultura cada vez mais complexa e reinventada
pelos artifícios tecnológicos, somos cotidianamente desafiados a dar respostas
novas a antigas questões. Como disse certa vez o poeta Murilo Mendes, o Homem é
um ser futuro. E não há utopismo em identificar uma tendência à sofisticação da
consciência individual e oposição a racionalidades coletivistas.
Pode-se ponderar que tal tendência
, mesmo se reconhecida, ainda é muito distante da realidade de lugares como o
Brasil cujos valores culturais primam pelo arcaísmo e pelo autoritarismo.
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