Uma bela citação do historiador Paul Veyne para pensar o Estado, a sociedade e nossas cotidianas ilusões coletivas....
"Mas quase sempre, somos otimistas a força: sabemos, muito bem, que a indulgência é raramente admissível e que as sociedades só são o que são historicamente; por exemplo, sabemos que cada sociedade tem sua própria lista do que chamamos as obrigações do Estado: umas querem gladiadores e, as outras, uma Previdência Social; sabemos muito bem que as diferentes civilizações tem 'atitudes' diversas com relação a 'loucura'. Em suma, acreditamos , ao mesmo tempo, que nenhum Estado se parece com um outro, mas que o Estado é o Estado. Ou melhor, só acreditamos neste Estado da boca pra fora, pois, tornados prudentes, não nos atreveriamos mais a fazer uma lista completa ou uma lista ideal das obrigações do Estado: sabemos muitíssimo bem que a história é mais inventiva do que nós é não excluídos à possibilidade de um dia considerarmos o Estado responsável pelos males do amor. Evitamos, pois, fazer uma lista teórica, nos contentamos com uma lista empírica e aberta : 'registramos' as tarefas que o Estado se viu solicitado à executar em tal época.Em resumo, o Estado com suas obrigações não passa, para nós, de uma palavra, e a fé otimista que temos nesse objeto natural não deve ser muito sincera, já que não age. Oque não impede que a palavra continue a nos fazer acreditar em uma coisa chamada Estado."
Paul Vayne in Foucault revoluciona a historia
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