Em um país de tradição
autoritária, marcado pelo primado do poder central e um pacto federativo
precário, é “comum” esperar que tudo se resolva através do governo, do Estado e
das oligarquias de poder. A institucionalização e verticalização da politica
define de modo inflacionário a esfera pública. O cidadão comum se julga impotente diante do jogo elitista do poder.
De fato a politica dispensa a
cidadania fora dos períodos de festa eleitoral.
Recorre-se sempre aos representantes do povo como detentores de recursos e
meios para fazer valer o mais elementar direito popular. Não são poucos que procuram um vereador ou um
deputado para conseguir o agendamento de uma consulta medica, um emprego ou alguma forma de trafico de influencias
envolvendo serviços públicos e gratuitos que, de modo geral, funcionam de forma
deficitária.
O clientelismo é uma pratica
contemporânea que ultrapassou em muito a republica velha e a época dos
coronéis. Tal relação perversa entre políticos profissionais e sociedade, mais
diretamente observada nas administrações municipais, é uma das praticas mais
perversas da cultura politica atual. Podemos classifica-la, mesmo que com
algumas ponderações, como uma sutil modalidade de corrupção.
A corrupção no Brasil possui suas
sutilezas e se confunde com a operacionalidade do próprio poder público,
permeável ao trafico de influencias e relações
e favorecimentos ilícitos. O poder foi reduzido a um jogo de diversos
interesses privados e articulados, formando uma grande rede de corporativismos
diversos. Isso começa na mais elementar relação entre eleitor e politico e
ganha dimensões absurdas com os financiamentos ilegítimos de campanha.
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