A crise de representação politica
não é um problema novo no Brasil. Pode-se mesmo dizer que os partidos políticos,
desde o período imperial, se constituíram como espaços
elitistas edificados sobre a sub representação da maioria da população.
Surpreendentemente, mesmo nos
dias de hoje, sob o signo da democracia, tal sub-representação se perpetua. Agora
atinge de forma muito crônica negros e mulheres, que constituem a maioria da
população nacional. Vigora entre nós uma
espécie de racismo e machismo institucional que, obviamente, está vinculado ao
fato dos partidos políticos funcionarem tradicionalmente como cartórios
eleitorais comandados por elites de poder de Estado. O aspecto ideológico não
influencia em nada tal definição comum à constituição de todas as agremiações.
O que realmente vigora e define o perfil de um partido é uma promiscuidade
entre elites econômicas e politicas.
Mesmo entre os partidos de
esquerda, nos anos pós redemocratização, observou-se um franco declínio da importância
das bases na vida partidária e um absoluto domínio de seus caciques e políticos
profissionais. No máximo, sua base, cada vez mais reduzida, é vista como
simples correia de transmissão de deliberações verticais.
Ao mesmo tempo, as praticas politicas de políticos
de esquerda e direita, obedecendo a pauta universal da governalidade e necessárias
alianças para manutenção e funcionamento da atual estrutura jurídico politica,
faz predominar um claro conservadorismo eleitoreiro e composições pragmáticas
justificadas pela chamada governabilidade.
O problema da sub representação não
se resolve com um ideal de inclusão politico partidária. Afinal, a politica
tradicional e as maquinas partidárias são espaços cada vez mais desgastados e não
representativos cuja vocação elitista tende a se aprofundar. A auto representação,
através da ação direta, em coletivos, fóruns, etc. é um modo de participação da vida publica que cada vez
mais se afirma como caminho para construção de uma nova cultura política.
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