sexta-feira, 30 de agosto de 2019

MINHA DIGNIDADE



Minha dignidade não esta no trabalho,
Na família ou no meu belo retrato no quadro social.

Ela não é coisa que agregue valor ao meu rosto.
Não me faz alguém  melhor ou pior.
Não posso toca-la ou mostra-la como uma roupa nova.

Alguns dirão que ela se quer existe.

Minha dignidade é silenciosa
E não perturba a turba.
Ela esta no afeto,
Nos meus gestos,
No que me cabe por dentro
E por fora do mundo.

Minha dignidade não é minha.
É de todo mundo
Que coabita meus dias
Na invenção diária de um bem viver comum.  



quarta-feira, 28 de agosto de 2019

CONTRA O MUNDO CONTEMPORÂNEO



A dicotomia entre Estado de Direito e Estado Policial já não existe mais. Não há fronteiras entre a democracia e o autoritarismo.  Tudo é cada vez mais reduzido ao controle penal, a normalização da sociedade. A hegemonia do poder oligárquico consolidou-se de vez  na contemporaneidade através da captura da esfera pública por apetites corporativos e mercantis diversos. A racionalidade de mercado contamina todas as instancias da vida social de forma transnacional e truculenta.O que foge ao controle é empurrado para a margem da anormalidade a ser disciplinada.  É isso que define o miserável mundo contemporâneo. É contra isso que se debatem multiplicidades de insurgentes na microfísica do mero cotidiano.

CHOVE NA FLORESTA


Ninguém sabe.
Mas neste exato instante,
Chove na floresta.


A vida segue em mata fechada
Indiferente ao lixo urbano,
A medíocre grandeza da civilização ocidental,
Do hino nacional
E da reunião da ONU.
A vida segue contra a história e o progresso.

Chove na floresta.
Contra todo desmatamento,
Assassinatos e agressões.

Chove na floresta
Pelo simples fato natural de chover,
Sem a necessidade de tratados,
Utilitarismos ou manifestos vagos
Sobre o valor do verde.

Ninguém precisa aproveitar a chuva.
Basta viver a floresta como devir
Fora do jogo entre sujeito e objeto.
todos nós somos a floresta.
Todos somos o céu que chora.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

EM DEFESA DA AMAZÔNIA



A Amazônia  é um território natural que transcende a ficção  perversa dos Estados nacionais e sua lógica predatória.

Em tempos de alterações  climáticas globais, de duros questionamentos da civilização  pós  industrial ocidental,  ela se converte em um símbolo de vida e natureza. 

Em torno da grande floresta  ganha fôlego a causa da sobrevivência da cultura indígena frente as ofensivas do agro negócio. Tambem ganha visibilidade  a geopolítica da biodiversidade que mobiliza diversos apetites internacionais. Tanto quanto a incompetência e falta de engajamento dos países atravessados pela Amazônia, para construir políticas ambientais que respondam urgentemente a tragédia ecológica cada vez mais evidente aos olhos do mundo.

A autonomia da floresta frente aos interesses corporativos financeiros e nacionais, precisa ser   afirmada. A Amazônia  não pode continuar sendo tratada como  um pedaço  maltratado de nações  falidas.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O DESAFIO DA GRANDE FLORESTA


O desmatamento da Amazônia  é  um problema antigo e permanente. Um problema global.Afinal,  a floresta não  tem pátria, como a própria natureza. Ela está acima da ilusão  de qualquer estado nação.  

Não  deve surpreender, portanto, que a Amazônia, tenha se convertido na maior pedra no caminho do desgoverno bolsonaro.
A Amazônia é grande,
O Brasil pequeno.

Principalmente em tempos nos quais a questão climática se converte em uma trincheira global de luta anti capitalista.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

MISÉRIA NACIONAL

O Brasil é um país miserável
Em todos os sentidos da miserabilidade.

O poder aqui é totalmente corrupto,
A riqueza criminosa,
A esperança fanática,
O desejo patológico
E a virtude o vício dos hipócritas.

A miséria está em todas as partes e tem todas as formas do imaginável.
No Brasil qualquer felicidade é doente.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

CONTRA OS PASTORES E SUAS MENTIRAS



Recuso o heroísmo falho dos bem intencionados.
Não me engano com nobres ideais
E imperativos morais.

Aqueles que nos convencem de qualquer verdade
Roubam de nós a liberdade.

É sempre preferível a sensibilidade dos justos
Que se acomodam,
Sempre provisoriamente,
as possibilidades
Do viver e do ser,
A hipocrisia das igrejas.


quarta-feira, 14 de agosto de 2019

EDUCAÇÃO E PODER


A escola não  prepara para vida.
Ela nos educa para não  viver,
Para saber o que é permitido,
Para fazer o que nos é exigido.
A escola nos conforma,
Nos adequa e separa,
Nos enquadra.
Estabelece hierarquias,
Discrimina pelos diplomas.
A escola serve ao jogo do poder,
Do saber que aprisiona.
A escola não transforma,
Conforma.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A POTÊNCIA DA MULTIDÃO


A alma das ruas é  a multidão.
Não  a massa domada,
Controlada pelos fluxos cotidianos,
Pelas rotinas do trabalho,
Ou pela ordem pública dos horários comercias.
A multidão é plena na reunião  dos corpos
Parando o trânsito,
Quebrando a rotina
Na potência  de uma manifestação,
De um cordão  humano que inventa um rio,
Uma correnteza de gente,
Arrastando o tempo presente em uma só  direção.
A alma das ruas é  o anonimato de rostos
Na paisagem viva de uma passeata.
É  o nós,  o eu e os outros
Na união  de todos,
Inventando a liberdade
Na ação  do coro.
O mundo e o tempo parecem pequenos
Naquela confusão de destinos
Dançando um grito
Contra o Estado, a polícia
E os absurdos da política.
É através do poder soberano da multidão
Que o futuro  transforma o passado.



A NOVA DIREITA E A VITÓRIA DO AUTORITARISMO ?




O autoritarismo e o elitismo, desde os tempos coloniais ou de américa portuguesa, passando pela conversão em império tropical e, posteriormente, em república oligárquica, definem o Brasil como Estado nação. As marcas do sistema escravagista e seu antigo regime são permanências que superam qualquer ideal de modernidade. Nos discursos oficias isso sempre foi ignorado em nome da fantasia de um povo alegre, inventivo e pacifico. A ditadura vargas inventou o Brasil tal como o conhecemos: o país do samba que, posteriormente, seria também do futebol. O Pais potencia em desenvolvimento, homogêneo e gigante por natureza.

Com a “nova republica” inaugurada pela constituição de 1988,  parecíamos próximos da realização da utopia de uma republica popular e democrática, mesmo que  na contramão de todo elitismo e estatismo de nossa história.  O Governo Bolsonoro  parece ter, entretanto, enterrado esta ilusão ingênua. O autoritarismo, o elitismo mais perverso, que nunca deixaram de definir o páis, perderam todo pudor democrático. Assistimos atônicos o agressivo avanço de um neo conservadorismo raivoso, predador e selvagem. Daqui para  frente nada será como antes.  A ditadura deixou de ser um tabu, um mal resolvido capitulo da vida republicana, para se converter no pior pesadelo de uma democracia moribunda.


ESTRATÉGIAS DO AUTORITARISMO



Não há dogmatismo mais perverso do que aquele que se apresenta como isento de opiniões. A neutralidade é uma estratégia dos fanáticos mais radicais, daqueles que se cobrem com o manto vermelho da superioridade para perseguir, eliminar, todo aquele que não lhe serve de espelho.

Desconfie sempre dos puros, dos bem intencionados, reformadores ou salvadores do mundo. Geralmente eles representam a decadência que prometem superar.


sábado, 10 de agosto de 2019

BOLSONARO E A REPUBLICA





Bolsonaro como presidente é um monumento vivo a estupidez política. Mistura de autoritarismo, burrice,  preconceito, hipocrisia e fisiologismo, que deixa nua a República . 

Ele não é  uma anomalia da democracia, mas o poder político institucional levado as suas últimas consequências. 

Bolsonaro representa, sem maquiagem, o projeto elitista e desumano que define nossa tradição  republicana desde a origem.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A DECADÊNCIA DAS OPINIÕES POLITICAS


A luta pela liberdade não serve a nenhum poder. Mais isso só fica claro quando recusamos o contra poder moral das utopias e o jogo das disputas oligárquicas pela hegemonia. Aqueles que realmente esperam fazer da politica um campo de construção da liberdade, dedicam-se a invenção de uma ética do cuidado, de novas formas de relacionamento e ação.

A materialização do novo acontece como pratica cotidiana de  modos alternativos  de vida. Da mesma forma, a politica povoa o campo das pequenas coisas. É nele que ela germina e cresce. Reinventar o mundo através de gestos simples, de comportamentos outros, é o nosso mais concreto horizonte de transformação.

Atualmente, ao contrário, no plano midiático e do poder de Estado, a politica vem se reduzindo ao absurdo exercício de oposições toscas, da polarização vazia, onde impera o caricato. Em  lugar da consideração  cuidadosa dos fatos, predomina a adesão irrefletida a opinião e ao pensamento mimético de alguma manada.


A DITADURA DA NECESSIDADE



Para maioria da população
 o dia seguinte é uma grande incerteza
no eterno agora da agonia.

No império supremo da necessidade
Ninguém cria,
Não há poesia.
Tudo é dificuldade,
Precariedade e absurdo.
Mesmo quando se cospe sorrisos
contra a ditadura dos fatos.

A vida, entretanto, resiste,
e busca futuros onde o passado oprime.


quarta-feira, 7 de agosto de 2019

INDIFERENÇA


Apoderou-se de mim
Um lucido sentimento
De indiferença quase absoluta.
Nada me interessa agora.
Sou pura preguiça.

Me recuso a pensar,
A reagir,
A sentir,
A querer,
Ver ou saber qualquer coisa.

Não tenho tempo para opiniões de internet
E overdoses de informações banais.

Quero apenas ficar em paz,
Vazio de tudo,
Ignorando o caos,
Enquanto devoro minha pizza.


terça-feira, 6 de agosto de 2019

NOSSA MISERÁVEL CLASSE MEDIA URBANA



As camadas medias urbanas, esta coisa amorfa entre a opulência e a miséria, desde o século XIX, se tornou referencia para compreensão dos rumos da civilização ocidental.  Pelo menos é o que afirmam os doutos em economia, em sociologias, e  toda historiografia oficial. 

Eu, ao contrario, como representante dos miseráveis, dos excluídos, sei que esta gente branca e de nariz empinado, que chamam de classe média, não passa de uma corja de mal resolvidos. Consumistas dos restos do capitalismo, devoradores das opiniões  prontas da mídia, e escravos das novas  tecnologia,  levam uma vida de ameba. Mesmo, assim, acham que são a nata da população. São os oprimidos que posam de opressores, os que  sustentam ridiculamente o ânimo nacional. Pobres diabos moralistas e crédulos que nunca chegam a lugar alguum....     

A ETERNA JUVENTUDE DE NOSSA LIBERDADE




Desde sempre sonhamos a liberdade.
Não a liberdade  inútil
De leis e valores abstratos,
Mas a liberdade substantiva de nossos corpos,
Afetos e desejos.

Celebramos a intensidade de existir,
A aventura de criar,
De levar as ultimas consequências
A experiência de Ser.

Vivemos para o futuro
E na contramão do presente.
Sabemos todos os tempos de juventude
Da primavera entre os dentes.

UM BOSSAL NA PRESIDÊNCIA

O autoritarismo de bolsonaro atenta contra a democracia. Mas o que mais impreciona é  sua burrice, truculência,  cinismo e pequenez.

Ele não  é  apenas um político medíocre, um obscurantista,  mas um ser humano asqueroso.
É difícil ignora-lo e impossível não  despreza-lo .

Bolsonaro não  é apenas conservador, ele é perverso.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

NÃO VOTE, LUTE!!



Seu voto,
Seu conformismo,
Sua esperança,
Sua ideologia,
Sua hipocrisia

sustentam sua prisão.

Toda eleição
Sua opção 
É sempre pela melhor mentira
do voto consciente.


Não percebe que invariavelmente
O poder oprime,
Que democracia se faz com ação, 
Participação  e REBELDIA!

deixe a urna vazia!



sexta-feira, 2 de agosto de 2019

A MISÉRIA DO MORALISMO CRISTÃO



O moralista é antes de tudo um hipócrita. Tenta reduzir ao formalismo de uma moral duvidosa todas as disputas, diferenças, contradições  e conflitos inerentes a pluralidade da vida social. É para ele tarefa primordial sempre  desconstruir o outro, tê-lo sobre controle, mediante o uso oportunista de qualquer narrativa moral ou verdade dita universal.

Em nome da suposta lei suprema  de um monoteísmo delinquente, há quem defenda o mais nefasto preconceito e autoritarismo. 

 O espantoso é que boa parte daqueles que usam cotidianamente de tal artifício  parece acreditar em suas próprias mentiras. 

Convicções religiosas inventam virtudes para a mais cruel hipocrisia ou ambição por poder social. Tudo é permitido para imposição da ditadura divina através de seus porta-vozes.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

REDES SOCIAIS


Do amor ao ódio,
Tudo é  intenso
Nos posts de redes sociais.

As pessoas gritam em silêncio
Seus indignados conformismos,
Seus narcisismos e vazios.

Falam muito de si
dizendo apenas
Convicções  de rebanho.

Nas redes sociais tudo é efêmero
Na convulsão  de opiniões 
e vertigem de informações.