segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A POTÊNCIA DA MULTIDÃO


A alma das ruas é  a multidão.
Não  a massa domada,
Controlada pelos fluxos cotidianos,
Pelas rotinas do trabalho,
Ou pela ordem pública dos horários comercias.
A multidão é plena na reunião  dos corpos
Parando o trânsito,
Quebrando a rotina
Na potência  de uma manifestação,
De um cordão  humano que inventa um rio,
Uma correnteza de gente,
Arrastando o tempo presente em uma só  direção.
A alma das ruas é  o anonimato de rostos
Na paisagem viva de uma passeata.
É  o nós,  o eu e os outros
Na união  de todos,
Inventando a liberdade
Na ação  do coro.
O mundo e o tempo parecem pequenos
Naquela confusão de destinos
Dançando um grito
Contra o Estado, a polícia
E os absurdos da política.
É através do poder soberano da multidão
Que o futuro  transforma o passado.



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