terça-feira, 24 de novembro de 2020

RACISMO E NEGACIONISMO

 

O estereotipo do negro dócil, aculturado ou colonizado, foi em sua versão definitiva construído pela ditadura do Estado Novo e difusão do mito das três raças que acompanhou a eleição de uma versão desidratada do samba símbolo da identidade nacional. Como em qualquer outro lugar do mundo a invenção do Estado Nação entre nós teve como premissa a diluição das diferenças e contradições dentro de uma narrativa totalizante destinada a afirmar esta entidade praticamente metafísica e atemporal que é o Estado Nação.

Nunca se admitiu, na versão oficial de tal narrativa o caráter racista e excludente do modelo civilizacional elitista e de inspiração européia que se afirmou nos trópicos tão marcada por delírios higienistas e de branquiamento da população tão em voga nas primeiras décadas do seculo XX entre as elites e autoridades públicas.

Não deve, portanto, admirar que exista tanta gente por aí advogando a inexistência do racismo no Brasil e apresentando qualquer debate sobre questão racial como produto de importação.

A negação é um dos principais instrumentos de toda narrativa racista, mesmo que as evidências sejam tão gritantes, como é o caso de um país escandalosamente desigual como o Brasil.

Não vivemos todos no mesmo país. O Brasil não é o mesmo para todo mundo e há muito sangue índio e negro encardindo nossa bregamente colorida bandeira nacional.

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