O Brasil é um país que passa fome. Pelo menos, segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 20 milhões de brasileiros passam fome. E não seria surpresa se a realidade superar as estatísticas já que muitos brasileiros simplesmente não existem para os dados oficias.
Tamanha desfuncionalidade da máquina social, ao não garantir o mínimo necessário a sobrevivência de uma considerável parcela da população, evidencia a falência da República e da política como esfera de construção de um espaço público consagrado ao bem comum e a dignidade humana.
A perseverança da fome, como realidade ( ou barbárie) social, com todos os recursos tecnológicos e materiais que caracterizam hoje a sociedade tupinuquim, é um atestado de falência coletiva de um Estado Nacional estruturalmente perverso. O arcaísmo que ela representa compromete qualquer ideal de civilidade ou "modernidade". Eleva, não apenas a desigualdade, mas a miséria como destino coletivo de boa parte da população, desde o princípio excluída de um projeto de Estado colonial e autoritário.
Dito com todas as letras, o Brasil é um país fracassado como projeto de nação. É um país sem povo (ou contra o povo). Para a maioria de seus habitantes, ele é um grande campo de concentração. Isso não pode mais ser ignorado. Desde os tempos da America Portuguesa, o cativeiro foi a base da formação do nosso " antigo regime" tropical. E mesmo com o fim do Império e a República, a abolição da escravidão não apagou ou superou a cultura do cativeiro, a miséria e a fome, que alimenta as elites locais.
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