Quando votamos em determinado
politico em uma eleição, estamos abrindo mão de nossa capacidade de decisão,
transferindo-lhe o nosso poder de intervenção nos assuntos púbicos realizando a
premissa constitucional de que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido.
Tal delegação é uma abstenção do exercício da vontade politica que passa a ser
monopolizado na pratica pelos representantes do povo. Mas qual o real domínio que
temos sobre tais representantes? Considerando o cotidiano politico
institucional e as crônicas do poder, absolutamente nenhum. Raramente a vontade
popular é considerada e o voto ou a delegação de poderes acaba funcionando como
um cheque em branco a determinado grupo ou oligarquia. A autonomia dos dirigentes sobre os dirigidos
é quase absoluta, mesmo na democracia
parlamentar.
O poder de constrangimento da
sociedade organizada, em um país como o Brasil, que carece de uma forte cultura
democrática, é praticamente nulo. Isso sem contar que não contamos com cidadãos que façam muita
ideia do que representa uma democracia enquanto organização autônoma da esfera
pública enquanto espaço da ação e da expressão da soberania de um e de todos.
Não dispomos hoje de atores
coletivos ou individuais capazes de edificar uma práxis radicalmente democrática.
Eis o grande dilema de nossa república contemporânea edificada sob uma tradição
francamente autoritária.
Tendo a repetir demasiadamente
tal diagnóstico que ao longo das ultimas décadas vem se tornando cada vez mais
atual e desesperador.
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