sexta-feira, 30 de junho de 2017

O CINISMO DO PODER

O poder é feito de sofismas  tomados como verdade quando proferidos pela boca dos donos da autoridade. Com cada um de nós eles não guardam qualquer dever de lealdade. Eis a premissa de toda vida politica institucional., de toda moral e cívica.

O poder se coloca acima de todos em  beneficio de uns poucos através das minorias que dele vivem em nome da maioria. Por isso reconheço neste estado de  coisa publica das instituições estabelecidas apenas o primado de aristocracias.


O poder é podre quando em nome da ordem e da autoridade desdenha a vida que através de cada um de nós agoniza no sem rumo de nossa  cidadania tropical e selvagem.  

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A FERRENHA LEI DO PRIVILÉGIO

Na contramão de todos os ideias modernos, nestas ermas terras tupiniquins, desde sempre a politica foi um artifício elitista contra a maioria da sociedade, um modo de escravidão coletiva e não de afirmação do mito de uma soberania popular.

No Brasil, mesmo como abstração jurídica, o povo sempre foi ignorado como premissa em nome do bom funcionamento de uma organização institucional voltada ao beneficio de poucos privilegiados.


Não importa se colônia, império ou republica, na luso américa a lei sempre foi o privilegio. 

O "FICO" DE MICHEL TEMER E A DECADÊNCIA DA POLITICA

O messianismo discursivo de Michel Temer revela o horror positivista tosco de toda narrativa nacional que já inspirou esta republiqueta chamada Brasil. A arrogância dos governantes não tem limites frente a apatia dos governados. 


 Chegamos a um ponto em que o maior desafio é fazer da politica, nestas terras inventadas a margem da modernidade, qualquer coisa descente onde não imperem mais os desmandos dos profissionais da política.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

O ELITISMO REPUBLICANO NO BRASIL

“Tanto vai dos homens que fundaram este regímen [de 1891] aos que o estão gargantuando, tanto da democracia jurídica, em que, há vinte e cinco anos, encarnávamos o nosso ideal, à demagogia anárquica, misto de cesarismo e indisciplina, pretorianismo e jacobinismo, em que os ideais de hoje supuram o seu vírus” Rui Barbosa, O Supremo Tribunal Federal na Constituição Brasileira, 1914.

Como é sabido, a Republica foi fundada na luso américa  em 15 de novembro de 1898, através de um golpe militar que depôs uma monarquia constitucional que estava longe de ser impopular. Desde então, teve seis constituições ( 1891,1934,1937,1946, 1967 e 1988)  e uma historia marcada pela instabilidade, autoritarismo e elitismo.

Tomando por referencia a carta magna como ato fundador de uma república, podemos dizer que a republica no Brasil foi refundada cinco vezes até agora. Estaríamos, portanto, na 6º republica. Todas elas foram, de formas variadas, definidas pelo elitismo e autoritarismo. Nunca se viu nesta parte do continente americano qualquer tendência a democracia, revelou-se, ao contrario, de modo precoce, a continua vocação despótica do poder politico e o pouco respeito a ordem jurídica.  


SOBRE O ABSOLUTISMO IDEOLÓGICO

Quando diluídas no absolutismo de algumas convicções rígidas, os enunciados se perdem na afirmação vazia de verdades supostamente cristalinas. Mas tão embriagada é a certeza que conduz à narrativa, que nada diz a quem não bebe da mesma gramática.

Assim se afirmam as ideologias, as igrejas laicas de pensamento rígido e sistemático que oferecem cartilhas para apaziguar consciências com explicações absolutistas.


O ELITISMO REPUBLICANO E OS LIMITES DA DEMOCRACIA

As memórias dos anos de chumbo parecem se distanciar cada vez mais da contemporaneidade em nosso imaginário nacional. Com isso nossa experiência politica ganha novas cores que transcendem o espectro das sombras de um regime autoritário que fez da democracia  a promessa de tempos felizes de liberdade.

A democracia revelou-se "muito menos do que o esperado". Mostrou-se mesmo um pouco autoritária e tão asfixiante quanto uma ditadura envergonhada. Embora os dois regimes não possam ser nivelados, visto que em uma democracia a possibilidade formal de resistência aos absurdos engendrados pela ordem politica institucional representa uma vantagem sobre a melhor das ditaduras. Mas ambas se baseiam na hegemonia de um poder oligárquico e elitista que visa exclusivamente sua auto reprodução infinita contra todas as oposições.


O mal estar democrático existe e precisamos transforma-lo em um mecanismo de aperfeiçoamento da liberdade contra os vícios autoritários de qualquer cultura republicana . afinal, o que é uma república além da institucionalização do poder de poucos em nome de todos?

sexta-feira, 23 de junho de 2017

SOBRE ADOECER NO BRASIL

Quem nunca teve um parente doente dependendo do Sistema Único de Saúde não sabe o tamanho da precariedade dos serviços públicos no Brasil. Não faz ideia do quanto a vida de cada um de nós é insignificante diante das precárias racionalidades do poder público.


Uma pessoa enferma e indefesa está entregue apenas ao próprio sofrimento no corredor de um posto de saúde ou de um hospital , conhece os limites de nossa vida social, da pressuposta dignidade humana e do direito constitucional a vida  em um país de misérias e descasos.

LOCALISMO E NACIONALISMO

Um estado nacional é uma entidade abstrata, uma invenção da época moderna de duvidosa natureza  sócio cultural. Qualquer um vive seu bairro e sua cidade como sua pátria. Trata como estrangeiro qualquer visitante de outra unidade federativa, mesmo que fale a mesma língua, ele representa uma realidade distante, esta inscrito em uma comunidade estranha, por assim dizer. Tal sentimento nativista baseado  em um vinculo territorial restrito é comum em qualquer parte do mundo. Pode parecer um pouco absurdo, mas existe muito de provincianismo em toda ficção nacionalista. Tomamos o mundo pelo nosso umbigo.


POPULAÇÃO DE RUA E FALÊNCIA DA SOCIEDADE

No Brasil existem muitas pessoas em situação de rua. Tal população a céu aberto é invisível a sociedade. Pouco se sabe sobre suas histórias, rotinas e dilemas existenciais. Afinal, ela não alimenta qualquer mercado consumidor e, segundo muitos, oferece perigo e degrada o espaço público. Em uma sociedade em que as coisas valem mais do que as pessoas tal raciocínio é muito comum.

O que posso dizer é que, pelas mais variadas razões, uma parte desta população desistiu da sociedade e suas mazelas. Não lhe falta motivos e não ouso culpa-la por isso. Viver no Brasil é desumano para a maioria da população assalariada relegada a uma existência de bicho.


A POLITICA NO BRASIL DOS ÚLTIMOS ANOS

O processo  de redemocratização, que definiu o cenário politico dos anos oitenta do ultimo século no Brasil, desdobrou-se na décadas seguintes e durante o inicio do novo século, em uma hegemonia inconteste do campo progressista ou de centro esquerda.  Com a chegada do PT ao poder este espetro ideológico foi drasticamente alterado, passando o PT a monopolizar, pelo menos em seu discurso oficial este campo de esquerda e definindo as forças progressistas de então pela adesão ou recusa de sua agenda nacional populista.

O desgaste e a  falência de seu projeto partidário de poder, durante o primeiro e o segundo  governo Dilma, acabou por estabelecer um realinhamento ideológico onde, então, passou a predominar uma polarização entre esquerda e direita que na verdade não passa de uma divisão vazia entre petismo e anti petismo.

Em 2013, quando explodiu por todo país uma serie de protestos , desencadeados pelo movimento passe livre em São Pauo e Rio de Janeiro, mas que ganharam dimensões imprevistas e adesão popular inédita, a narrativa  governamental de um país que ascendia ao “primeiro mundo” e superava suas mazelas sociais e econômicas, caiu por terra, produzindo gradativamente o mencionado realinhamento ideológico. O mesmo foi alimentado pela crise de legitimidade das oligarquias de poder, que  transcendeu o aspecto ideológico partidário, mediante uma serie de escândalos de corrupção que alcançaram uma dimensão politica singular através das investigações da Operação Lava Jato, iniciadas em 2014, tendo por alvo a Petrobras, até então carro chefe da propaganda nacional desenvolvimentista  da era PT.

As eleições presidenciais de 2014, marcadas pelo esvaziamento do debate nacional e  pela demagogia eleitoreira, consolidou a bipolaridade pseudo ideológica entre petismo e anti petismo, reduzindo a opinião publica ao mais grosseiro maniqueísmo esquizofrênico.  Entre  as cruzadas de direita e esquerda da luta contra o mal, a corrupção se afirmou como a grande pauta nacional e, não seria exagero, falar de uma verdadeira criminalização da politica dado os tantos esquemas de propina e negociatas que se tornaram públicas, revelando a realidade mais obscura do jogo do poder.

Desde então, o projeto democrático entrou em crise, embora se mantenha formalmente a ordem institucional. A hipótese de uma solução autoritária, reeditando a velha formula da salvação nacional em épocas de obscuridade, não parece ter forças para se impor como falsa solução quando é o próprio poder  e a república que agonizam. Por outro lado, já não há um campo progressista capaz de propor um projeto radical de reforma politica e aprofundamento institucional da democracia.  

Para piorar as coisas, em tal cenário, há uma tendência a reduzir todo o jogo do poder a  busca por uma liderança carismática, populista de esquerda ou direita, capaz de reinventar todas as ilusões antigas sobre a vida politica nas eleições de 2018.  De um modo ou de outro a expectativa é que tudo continue como já é, apesar de todas as indignações.


quarta-feira, 21 de junho de 2017

A DEMOCRACIA DOS ESPECIALISTAS

A pratica politica se distanciou de tal forma da vida concreta das pessoas comuns  que perverteu todo ideal de uma sociedade democrática onde imperam os interesses coletivos e o bem estar comum. Consideramos agora a pratica politica um domínio de especialistas. Mesmo não confiando em tais duvidosos profissionais dos assuntos públicos.


Não concebemos alternativas ao jogo sujo dos ditos representantes do povo porque no fundo sabemos que o povo não existe, assim como a soberania. Somos escravos do Estado e pacificamente o alimentamos com nossos tributos. Nos sentimos vitimas dos políticos e não os seus cúmplices. Nos consideramos incapazes de reinventar a democracia. Já quase se quer acreditamos nela. 

terça-feira, 20 de junho de 2017

BRASIL: PAÍS SEM FUTURO.

A situação politica institucional tupiniquim chegou a um ponto tão absurdo de desqualificação dos partidos políticos, caciques e profissionais do poder, que qualquer solução autoritária já não assusta o cidadão comum, dada a perplexidade com os rumos da precária e esculhambada democracia vigente.

Entre a mesmice e a incerteza politica, a ruptura institucional ganha a boca dos moralistas de plantão, ávidos por uma cruzada pelos bons costumes. Como se moral e politica fossem no Brasil coisas compatíveis.

As soluções fáceis  dos demagogos e salvadores da  nação, as formulas desenvolvimentistas e promessas de progresso, ainda tem seus carentes adeptos, mas é cada vez mais evidente a falta de perspectivas concretas em um país mulambado cuja vocação sempre foi o atraso.


Particularmente, sou antipático ao discurso positivo que propõe boas saídas, projetos e alternativas, mesmo quando o cenário aponta para pequenos e grandes desastres. Penso que o realismo amargo é sempre o  melhor caminho. Principalmente em situações de franca e estrutural falência nacional como é o caso do Brasil.

CONSENSO MIDIÁTICO

A mídia inventa os fatos que nos definem o dia a dia, as urgências e relevâncias do grande acontecer nacional. Tudo acaba sendo reduzido a um espetáculo onde somos todos descartáveis telespectadores, passivos consumidores de realidades precárias  televisionadas e  digitalizadas.

Tenha sua opinião sobre os fatos selecionados e formatados segundo o grande consenso mundial. Mas não queira pensar demais.


PODER POLÍTICO

Não há mentira maior do que o interesse público nos assuntos políticos. Os que vivem da autoridade e do poder do  Estado apenas buscam a manutenção de seus privilégios. Mesmo que o faça em nome desta abstração vazia e constitucional denominada “povo”.

O sufrágio apenas legitima a pompa e os cargos que reinventam em nome de todos uma nova aristocracia.



quarta-feira, 14 de junho de 2017

AÇÃO DIRETA E ESFERA PÚBLICA


A vitalidade da vida politica é medida pela mobilização popular, ou dos coletivos organizados que personificam, de modo independente , autônomo e plural, as grandes ansiedades e indignações coletivas. Não são as manobras e bandeiras partidárias que mudam a vida .  O acontecer politico  deve ter algo de festa, de lúdico e espontaneismo que preencha o espaço público de tensões, de rostos anônimos e ações diretas. É preciso que haja algo de sonho, criatividade e plena liberdade de expressão e criação.

A vida pública não é um privilégio de alguns eleitos, mas participação que ganha as ruas e enfeita a cidade de vida. Sem isso a politica se torna um mero jogo de interesses privados entre minorias aristocráticas e privilegiadas. Por isso ela não exclui confrontos e tensões frente as resistências da ordem estabelecida e sua logica excludente e elitista. Frente ao monopólio das decisões reivindicado pelas autoridades ungidas pelo sufrágio econômico, afirma-se a voz das ruas e multidões.
Mais do que algumas pautas pragmáticas, a politica é um modo de reinventar socialmente a cidade como espaço comum e compartilhado de solidariedades e não como uma dissimulada rede de controle e interdições comicamente apelidada de ordem pública.


segunda-feira, 12 de junho de 2017

CULTURA E DESIGUALDADE

 Vivemos em uma sociedade cuja cultura social é basicamente estamental e hierarquizada. Por isso é crucial observar que o problema da desigualdade é acompanhado por uma mentalidade de castas onde o poder aquisitivo é não apenas sinônimo de prestigio e poder como também estabelece relações de autoridade no sentido mais perverso da palavra.


A expressão “nascido em berço de ouro” é por aqui uma regra ferrenha, pois as oportunidades não são iguais em um país deficitário em educação, saúde e oportunidades. Os que ganham dinheiro sempre ganham mais dinheiro e os que trabalham sempre trabalham cada vez mais. Assim se reproduz a desigualdade estrutural que não será modificada por nehuma politica publica.

A POLITICA COMO CRIME PERFEITO


Judicializar a  política é uma estratégia pouco eficaz no combate a corrupção. Afinal, existe uma cumplicidade sombria entre os poderes que sempre colocarão a manutenção da ordem acima da justiça. Poder e justiça são coisas que dificilmente andam juntas. E, quando isso acontece, é sempre em beneficio de poucos.


A politica no Brasil é um crime perfeito e está acima da própria democracia. 

VERDADE ELEITORAL

Tudo é uma questão de poder, dinheiro e hipocrisia.
Não cabe ideologias  quando  o assunto é o mundo real da politica.
O Estado é um privilegio para oligarquias que nos definem como sociedade.
O bem comum é uma letra morta legal para mascarar interesses corporativos.
Isso , no fundo, é tudo que importa aos donos da república.
Protestem o quanto quiserem,
Desde que não perturbem a ordem.

Votem, paguem impostos e se divirtam.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

MODERNISMO CONSERVADOR

Em 1913 o necrófilo Olavo Bilac era considerado o maior poeta vivo  em terras tupiniquins.  Inspirado pelo neo classicismo europeu reduzia, ao gosto da época, a poesia a um artificio retorico onde a forma, através das amarras do soneto, recusava a inspiração.

Falando em Bilac, é pertinente observar que o modernismo tropical, consagrado mediante o duvidoso marco da semana de 22, muito diferente do original europeu, nunca rompeu inteiramente com a boa retórica através do coloquial do verso livre. Afirmou, ao contrário, um certo sotaque provinciano que acomodou a poesia a invenção do Estado Nacional. Deste modo, a poesia moderna nunca alcançou por aqui certo condição rebelde e anárquica inspirada pela transfiguração linguística e sentimento de crise da própria cultura e civilização.

Pelo contrário, a literatura moderna tupiniquim, em seu aspecto mais amplo, serviu a invenção de uma muito bem comportada identidade nacional. Assim, a poesia de Bilac sobreviveu ao nosso provinciano modernismo. Aliais, sempre surpreendeu no Brasil a capacidade do arcaico ser contemporâneo do moderno, revelando a fragilidade do ultimo como expressão do contemporâneo.


Muitos acharão exagerada esta minha tese. Mas defendo que as épocas literárias são invenção de historiadores e que as fronteiras entre o novo e o velho, mesmo em literatura, não são nítidas neste cenários letrados e tropicais, onde os intelectuais vivem em seu próprio mundo de ufanismos e pueris nacionalismos.

MISÉRIA POLÍTICA

O abuso do poder econômico transformou a politica tupiniquim em uma  verdadeira propinocracia. Leis custam caro e beneficiam  sempre quem tem muito dinheiro. A democracia no Brasil é para poucos abastados. Disto já não resta duvidas. O grande paradoxo é que, condenada pela opinião pública e pelas autoridades, a corrupção continua por ai quase onipresente e onipotente nas esferas do poder. Mostra-se, mesmo, mais forte do que os mecanismos jurídicos disponíveis para julga-la e condena-la.  Isso apenas uma verdade obvia,  a ordem jurídica nunca foi pensada para punir os detentores do poder.  Direito e justiça, afinal, são coisas distintas em uma sociedade não apenas desigual, mas banalizou o abuso do poder confundindo-o com seu mais natural exercício de privilégios. Onde políticos podem mais do que a opinião pública e atentam contra a boa gestão da coisa publica é sempre necessário repensar a republica e discutir seus limites do ponto de vista da hipótese de uma radicalidade da democracia. 

quinta-feira, 1 de junho de 2017

CONJUNTURA NACIONAL

Vislumbrando cenários: em tempos de descarada falência das oligarquias políticas e seu modelo elitista de espaço público, viver dois impeachment e uma nova eleição, seja direta ou indireta, para um mandato tampão, em pouco mais de um ano, seria a consagração desta repubriqueta das bananas como império de macacos. 

Não que qualquer alternativa possível à tamanha zona eleitoral possa proporcionar a política tupiniquim alguma mínima dignidade. O absurdo dá o tom do dantesco espetáculo tragicômico nacional. 

Este é um país de de bestializados onde a sociedade sempre foi vítima do Estado e o jogo elitista do poder é mais importante do que qualquer ideal de liberdade. 

A única novidade em tempos tão sombrios é a indignação libertária contra todos os lugares comuns de nosso arremedo de esfera pública.