sexta-feira, 23 de junho de 2017

A POLITICA NO BRASIL DOS ÚLTIMOS ANOS

O processo  de redemocratização, que definiu o cenário politico dos anos oitenta do ultimo século no Brasil, desdobrou-se na décadas seguintes e durante o inicio do novo século, em uma hegemonia inconteste do campo progressista ou de centro esquerda.  Com a chegada do PT ao poder este espetro ideológico foi drasticamente alterado, passando o PT a monopolizar, pelo menos em seu discurso oficial este campo de esquerda e definindo as forças progressistas de então pela adesão ou recusa de sua agenda nacional populista.

O desgaste e a  falência de seu projeto partidário de poder, durante o primeiro e o segundo  governo Dilma, acabou por estabelecer um realinhamento ideológico onde, então, passou a predominar uma polarização entre esquerda e direita que na verdade não passa de uma divisão vazia entre petismo e anti petismo.

Em 2013, quando explodiu por todo país uma serie de protestos , desencadeados pelo movimento passe livre em São Pauo e Rio de Janeiro, mas que ganharam dimensões imprevistas e adesão popular inédita, a narrativa  governamental de um país que ascendia ao “primeiro mundo” e superava suas mazelas sociais e econômicas, caiu por terra, produzindo gradativamente o mencionado realinhamento ideológico. O mesmo foi alimentado pela crise de legitimidade das oligarquias de poder, que  transcendeu o aspecto ideológico partidário, mediante uma serie de escândalos de corrupção que alcançaram uma dimensão politica singular através das investigações da Operação Lava Jato, iniciadas em 2014, tendo por alvo a Petrobras, até então carro chefe da propaganda nacional desenvolvimentista  da era PT.

As eleições presidenciais de 2014, marcadas pelo esvaziamento do debate nacional e  pela demagogia eleitoreira, consolidou a bipolaridade pseudo ideológica entre petismo e anti petismo, reduzindo a opinião publica ao mais grosseiro maniqueísmo esquizofrênico.  Entre  as cruzadas de direita e esquerda da luta contra o mal, a corrupção se afirmou como a grande pauta nacional e, não seria exagero, falar de uma verdadeira criminalização da politica dado os tantos esquemas de propina e negociatas que se tornaram públicas, revelando a realidade mais obscura do jogo do poder.

Desde então, o projeto democrático entrou em crise, embora se mantenha formalmente a ordem institucional. A hipótese de uma solução autoritária, reeditando a velha formula da salvação nacional em épocas de obscuridade, não parece ter forças para se impor como falsa solução quando é o próprio poder  e a república que agonizam. Por outro lado, já não há um campo progressista capaz de propor um projeto radical de reforma politica e aprofundamento institucional da democracia.  

Para piorar as coisas, em tal cenário, há uma tendência a reduzir todo o jogo do poder a  busca por uma liderança carismática, populista de esquerda ou direita, capaz de reinventar todas as ilusões antigas sobre a vida politica nas eleições de 2018.  De um modo ou de outro a expectativa é que tudo continue como já é, apesar de todas as indignações.


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