“A história da modernidade
ensina-nos que uma comunidade privada de projeto coletivo- de representações
místicas aptas a suscitar a ação- é ingovernável. Como um insone a quem esta enfermidade
priva dos sonhos, ela perde o sentido do real. Eis porque o Estado permanece,
de fato, e permanecerá, haja o que houver, inacabado. Braudel defendia esta
tese, baseando-se em considerações socioeconômicas. Mas, na própria medida em
que o Estado, à semelhança de Babel, visa integrar totalmente,
totalitariamente, a sociedade e as manifestações contraditórias da sua cultura,
mais cedo ou mais tarde ‘cessar-se-á’ de o construir.”
Paul Zumthor in Babel e o
Inacabamento: Uma reflexão sobre o mito de Babel. Lisboa: Editora Bizancio, 1998, p. 194
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