Caso tomemos como referência a
teoria das elites dos italianos Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto, fundada na
premissa ou inexorável principio sociológico de que em qualquer sociedade ou
grupo ocorre uma diferenciação entre uma elite dirigente e uma maioria de
dirigidos. Tal reflexão embasou uma critica substancial ao socialismo e a
também ao regime democrático. Para tais autores, a democracia se distinguiria
de outros regimes políticos pelo fato de apresentar uma elite aberta ou renovável através do sufrágio
ou, mais precisamente, da disputa constante pela hegemonia através das urnas.
Além disso, em uma democracia, a relação entre as elites e a massa é mediada
por outras instancias que não permitem uma dominação direta da maioria de
dirigidos pela minoria de dirigentes, como, por exemplo, sindicatos, imprensa e
diversas outras formas de associativismo.
Em tempos de crise de
representatividade e desgaste das formas institucionalizadas de poder,
revisitar a teoria das elites pode ser útil para uma releitura mais realista do
verdadeiro caos que vem se tornando a vida politica tupiniquim. Uma obra particularmente
interessante neste sentido é a Sociologia dos Partidos Políticos de Robert
Michels, que afastando-se do cientificismo positivista de Mosca e Pareto, busca
na psicologia a fundamentação da formação de elites de poder.
Afinal, elite não é aqui sinônimo
de um pequeno grupo em posição de superioridade hierárquica. A própria
constituição de dirigentes se deve, segundo a teoria das elites, ao fato desta minoria destacar-se em termos
organizacionais a ponto de estabelecer uma “lei de ferro das oligarquias”,
mesmo em um regime formalmente edificado sobre o principio da
representatividade.
As elites politicas, ou de poder, converteram-se em uma casta de dirigentes com interesses específicos e dinâmica
própria, aparelhando as instituições democráticas. Assim, podemos muito
superficialmente diagnosticar o caso brasileiro e os frequentes escândalos de
corrupção que marcam a historia politica recente, como uma consequência deste
processo de privatização das instancias representativas de poder por esta
minoria de profissionais da politica.
Cabe ainda considerar os efeitos
do domínio destas corporações de interesses dentro da maquina administrativa
junto a outras elites de poder público como, por exemplo, aquela que
personifica o poder judiciário.
Longe de uma conclusão, cabe aqui
apenas apontar para a necessidade de
estabelecer cada vez mais trincheiras de exercício e prática de democracia
direta em contra partida ao monopólio do poder institucional pelas elites.
Nenhum comentário:
Postar um comentário