ÏNão tenho qualquer simpatia pelo parlamentarismo monárquico, mas não posso deixar de chamar atenção para uma curiosidade histórica. A república nunca teve um dirigente comparável a Pedro II em termos de vocação humanista e civilizatório. A cultura republicana no Brasil, sempre se associou ao elitismo e ao autoritarismo. Isso, desde sua fundação, através de um golpe militar. A indiferença popular ao feriado da proclamação da república é uma das expressões do quanto a cultura republicana que se estabeleceu por aqui nunca foi capaz de formar heróis que dessem brilho ao regime. Inventaram o Tiradentes como mito da luta republicana, mas jamais foi possível converter um dirigente republicano em inconteste herói nacional. A republica tupiniquim, marcada por tantas crises e instabilidades, tantos anos de ditadura, sempre deixou muito a desejar e se consolidou, do ponto de vista da cidadania , uma espécie de república que nunca foi, do ponto de vista de seus supostos ideais.
Segundo Benedict Anderson em seu clássico estudo “Nação e Consciência Nacional, um estado nação é uma comunidade política imaginária, uma dessas estranhas construções culturais da modernidade. Particularmente, diria ainda que algumas imaginações nacionais mostram-se mais funcionais enquanto outras, por uma serie de variáveis, são tragicamente desfuncionais e carnavalescas versões de qualquer fantasia nacionalista ideal. O exemplo brasileiro enquadra-se, naturalmente, neste ultimo caso...
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