Sou avesso a meta narrativas que inventam identidades coletivas a partir da construção de heróis míticos. Neste sentido, um dia da consciência negra associado a controversa figura de Zumbi dos Palmares me parece reducionista e pouco eficaz quando comparado ao marco legal da abolição em 13 de maio. Afinal, o que ainda nos é contemporâneo é o fato de ter se perpetuado, após o fim do cativeiro, uma cultura da escravidão, o arcaísmo de uma estratificação social baseada na etnia,que impediu qualquer estratégia de integração dos libertos a um projeto de sociedade pós escravocrata. O que se viu, ao contrário, foi o triunfo de um projeto elitista de república e de sociedade do qual ainda hj somos todos vítimas e protagonistas. Nunca superamos em terras tupiniquins as inercias e arcaísmo do nosso antigo regime.
Segundo Benedict Anderson em seu clássico estudo “Nação e Consciência Nacional, um estado nação é uma comunidade política imaginária, uma dessas estranhas construções culturais da modernidade. Particularmente, diria ainda que algumas imaginações nacionais mostram-se mais funcionais enquanto outras, por uma serie de variáveis, são tragicamente desfuncionais e carnavalescas versões de qualquer fantasia nacionalista ideal. O exemplo brasileiro enquadra-se, naturalmente, neste ultimo caso...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário