quarta-feira, 31 de outubro de 2018

DEPOIS DAS ELEIÇÕES

O Brasil sempre foi um país estúpido, de cultura  tacanha e ufanista. Sempre dado a fanatismos e delírios de grandeza. Depois das últimas eleições, entretanto, ele se tornou algo pior do que os mais pessimistas poderiam um dia prever: ele se tornou uma caricatura de seus próprios erros, um imenso hospício a céu aberto, onde a política se reduziu a um atentado contra a inteligência. A estupidez define todas as ideologias, todas as alternativas. Mas como de costume nestas terras de fim de mundo tropical, o pior ainda está sempre por vir.

EM DEFESA DA SOCIEDADE


Governos são dispositivos que funcionam de forma independente da persona política do governante. Existem pautas e decisões que são resultado de um campo de forças diversas, de agenciamentos que extrapolam o próprio governo. Assim, não é uma questão "oposicionista" a avaliação critica de um novo desenho institucional. Até porque ele não tem como inspiração à vontade dos eleitores, mas técnicas de governança e normatização que buscam equacionar micro apetites corporativos diversos.

É mais do que salutar que a sociedade se afirme como uma voz neste processo buscando um governo que não se invente acima de suas cabeças ignorando a complexidade do jogo social. Se existe uma agenda de governo é preciso que também exista uma agenda de sociedade. Afinal, sem participação e opinião "popular" a democracia não passa de uma categoria vazia destinada a legitimar o controle da população por uma elite de privilegiados.

domingo, 28 de outubro de 2018

A VEZ DO NOVO CONSERVADORISMO

Com o resultado do pleito eleitoral  de 2018 o Brasil da início a um ciclo conservador.  Religião, nacionalismo, conservadorismo moral e combate a corrupção dão o tom deste novo momento político onde o populismo de direita consagra-se vencedor frente ao populismo de esquerda e a pretensão, especialmente do PT,  de manter um protagonismo capaz de reconduzi-lo ao poder. 

Em tempos de globalização e de diversidade cultural,  o discurso nacionalista combinado ao liberalismo econômico reafirma o arcaísmo como vocação nacional. Mas é muito prematura qualquer previsão sobre o momento político que se inicia. Não é claro o que o novo conservadorismo vitorioso pretende. Só é certo que ele personificou nas urnas um desejo de mudança e se consolidou como expressão de protesto. Resta saber o que concretamente ele pode realizar como expressão de mudança, como materialização de novas formas de governança não tão sintonizada com as agremiações político partidárias. 

A única coisa que parece inequívoca é a derrota da velha esquerda representada pelo PT sob o peso dos seus erros e falência de sua narrativa de poder.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

DEMOCRACIA EM CRISE



Nestas eleições o país anda um hospício. As manadas

eleitorais roubam a cena da democracia e afirmam a

queda de braço das verdades únicas, do populismo 

ideológico e a falsa promessa de redenção de todos os 

males.

Somos vitimas de nossas próprias certezas coletivas, de

nossas ilusões e crenças. Mas o que se faz mais 

evidente é a intuição de que todos perdemos o rumo e 

semeamos o desastre de nosso futuro.

O resultado das urnas pouco interessa em uma 
democracia enferma e que será nos próximos anos 

ainda mais maltratada pela doença do autoritarismo.

Existem muitos por ai que acreditam em milagres e que 

o certo pode vencer o errado. Resta saber o certo de quem....



quarta-feira, 24 de outubro de 2018

SOBRE A LÓGICA DOS EXTREMOS


O resultado das urnas tende a não ser reconhecido pelos opostos simétricos em conflito.

A polarização tóxica exige que a derrota não seja admitida, que a destruição do opositor seja a única possibilidade possível de resolução do conflito em curso.

Assim, a política, reduzida a realização da guerra por meios pacíficos, corrói qualquer resquício de soberania... 

não importa o arbítrio do sufrágio.O inimigo deve ser destruído, mesmo se nos vencer "democraticamente", pois sua vitória nas urnas será o sucesso de algum ardil.
Nada irá terminar no próximo domingo....

Assim pensam ambos os lados envolvidos.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

MIMETISMO SOCIAL

O comportamento humano realiza através de inúmeros  engajamentos orgânicos a  circulação dos signos e símbolos vigentes em um dado contexto social. Agimos como autômatos programados para a realização de um leque limitado de possibilidades de trocas simbólicas e atos de pensamento. Cada um introjeta identidades e funções, e se encaixa no jogo social segundo suas inclinações, mas apenas dentro das opções que lhe foram configuradas pela vida do rebanho. Ninguém goza de plena autonomia. Todos são reduzidos à personas, a funções. As opiniões pessoais  não passam de mimetismo social.  Simplesmente não há autenticidade na vida em sociedade.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

PAÍS RUIM


O país está dividido entre o Bozo e o maldhaddad,
Mas unido pela falta de bom senso e pela ausência de senso crítico...

O país está por um fio...
É um lugar ruim,
Feito de pessoas ruins,
Mas que se acham o máximo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

DIÓGENES E O BRASIL



Diógenes de Sinopse não procuraria homens ou

políticos honestos no Brasil....

 Seria apenas mais um anarcopunk ,

Um defensor do voto nulo ou branco.

Um vândalo.

Alguém que faria do seu fracasso

Uma prova de decência

Em uma sociedade doente.


ELEIÇÕES 2018 ( NOTA DE RODAPÉ PARA O SEGUNDO TURNO)

As narrativas sufragistas dos dois lados já desenham uma tendência: não reconhecer a derrota eleitoral a qualquer custo. Quem perder vai alegar " golpe" e denunciar a ilegitimidade do pleito. Definitivamente, o autoritarismo é a matriz da cultura política nacional. Os rebanhos seguem em transe inventando o próprio desastre. Há algo de profundamente perverso e doentio nisso....
Mas o que mais espanta é o quanto a população bestializada é agenciada em redes sociais a apoiar um ou outro politico filho da puta que promete céus e terras que ele não tem.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

UM PAÍS DE HIPÓCRITAS

Não é apenas no cenário político, mas em toda sociedade que a hipocrisia e o cinismo faz morada.

Vivemos em um país de mentiroso e falsos moralistas. Não é por acaso que a religiosidade aqui é tão importante. O moralismo é a virtude dos porcos. E isso também serve para as ideologias.

É raro encontrar por aqui quem vive aquilo que diz acreditar.

POLITICA E LIMITAÇÕES SOCIAIS


A politica expressa à dificuldade de relacionamento entre os seres humanos, sua inaptidão natural a vida em sociedade.  Longe de um animal social, o homem é uma besta escravizada por suas necessidades. É o peso de nossas carências que nos obriga ao viver coletivo. Por isso nenhuma forma de sociedade pode realizar algum ingênuo ideal de plenitude de nossa condição humana. A politica só nos ajuda a conviver com isso e administrar de forma  patética nossas limitações sociais.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O PERIGO DAS MULTIDÕES

\As multidões não pensam. São conduzidas por afetos e palavras de ordem. Nelas o bom senso individual desaparece. Ninguém é mais responsável por si mesmo. Ela representa o Império da vontade e a cegueira das convicções.

As multidões despertam o medo e excitam a imaginação. Não há nada mais nocivo a constituição de uma sociedade política e a construção da esfera pública do que a psicologia das multidões. Eis uma coisa que o século XX demonstrou nivelando civilização e barbárie.

domingo, 14 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018: UM BECO SEM SAÍDA

As eleições de 2018 marcam o término de um ciclo e uma guinada conservadora na política tupiniquim. Ecoa por aqui uma tendência global. Diante das profundas transformações, crises, incertezas e multiplicidade que definem o contemporâneo, cresce uma tendência retrô as identidades e certezas do século XX. 

No que ela tem de mais específico afirma uma polarização doentia entre dois arcaismos. Nos vemos coletivamente diante de um beco sem saída. Afirma-se a direita e a esquerda nossa eterna vocação para o atraso.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

SOBRE O QUE TENHO A DIZER

O que tenho a dizer sobre a insanidade deste intenso instante político de verdades oportunistas, deixarei para dizer daqui a um ano. Então, ou meu dizer fará sentido como enunciado de lucidez pessimista, ou deverá ser esquecido como um risível equívoco. O certo é que  existirão outras mentiras, outras hipnoses coletivas, conduzindo rebanhos e identidades coletivas. Ainda seremos nômades no grande deserto a margem da multidão cheia de justificativas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

PRISÃO NACIONAL

Quanta estupidez nos define  como sociedade?
Quantos limites nos aprisionam?
O quanto me esmaga este estado abstrato de burocracias e normas?

O país é uma grande prisão existencial. 
Meu inferno é a realidade nacional. 

Quero gritar,
Quero fugir....
Mas no meio do povo
Meu desespero é banal.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018: PERSPECTIVAS ELEITORAIS II




Algo que precisa ser dito sobre o sombrio pleito eletivo de 2018 é que, por ter sido marcado pelo transbordamento da polarização cega, ele foi também decisivo no sentido de afirmar uma tendência a  qualquer novidade que ainda não veio. Falo contra as analises sombrias de triunfo da vocação autoritária, em sua face conservadora, que parece mais do que certa. O problema é que não é só isso. Não há linearidade ou totalizações que definam o curso dos acontecimentos humanos. As teleologias racionalistas e as analises conjunturais pecam por sempre partir dos limites e preconceitos de nosso tempo presente. Tendemos a avaliar os fenômenos sociais a partir de nossas miopias culturais, reduzir e domesticar fatos que criamos com nossas precárias ferramentas cognitivas.

Em lugar de remoer o obvio do fantasma do totalitarismo, que paira sobre todas as democracias contemporâneas, é mais saudável pensar o que se transforma em meio as incertezas e tempestades deste triste momento eleitoral de opções nulas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

ELEIÇÃOS 2018 : PESPECTIVAS PÓS ELEITORAIS



As eleições de 2018 certamente passarão aos anais da historia republicana como um momento de inflexão. O impeachment do PT conclui-se nas urnas de forma melancólica, conduzindo ao poder novas oligarquias de orientação conservadora. Mas não se trata de qualquer conservadorismo. Trata-se de um conservadorismo teocrático e autoritário misturado a uma voga militarista salvacionista.

Em tempos de crise e de falência das narrativas de esquerda, agora reduzida, em sua versão hegemônica, a uma espécie de conto mítico lulista petista, não deve surpreender que a teocracia se afirme como alternativa conservadora a tamanho descabimento, consumando de vez o obscurantismo que orienta o imaginário nacional contemporâneo já faz alguns anos.

Abre-se um cenário, ao mesmo tempo, de incertezas e de reedição de velhas novidades. A única coisa que parece certo é que coletivamente naufragamos mais umas vezes nos agitados mares da contemporaneidade. Nos colocamos na onda conservadora global reinventando nosso insuperável arcaísmo nacional.

A politica tupiniquim finalmente começou a se redesenhar nesta ultima eleição. O problema é que foi para pior. As consequências disso são inevitáveis.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

VOTE SEMPRE NULO !!!

Em época de circo eleitoral todo político posa de honesto, bem intencionado é vomita soluções. Uma vez eleitos, entretanto, revelam a verdadeira mesquinha e oportunista que faz deles nosso maior problema.

Votar é sempre entregar um cheque em branco a um caloteiro de profissão.

NOSSO FRACASSO POLÍTICO COLETIVO


O pior lado das expectativas eleitorais é o agenciamento ideológico vazio. Isso se torna ainda mais verdadeiro em conjunturas eleitorais marcadas por polarizações como a deste sombrio ano de 2018.

Um quase candidato preso e outro esfaqueado durante a campanha, polarizam as leituras do passado recente. Revirando os destroços da “Era PT”, o mais esdruxulo momento de nossa periodização de democracia pós 1988, estabelecem-se oposições entre seus herdeiros e seus detratores.  Tudo que resume a uma tosca disputa de poder onde o que esta em questão não é qualquer projeto de país, mas birras ideológicas sem qualquer pé na realidade concreta.


As narrativas de ambos os lados destilam ódio pelo outro, inventam o inimigo a ser combatido em nome do bem supremo. Atestam desta forma nosso fracasso como sociedade.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

NA CONTRA MÃO NACIONAL


O Brasil é cheio de dias históricos, de datas comemorativas, que não valem um segundo de nossas vidas. O país é uma farsa carnavalesca que ri de si mesma.  Apenas isso...

Não marchamos para o progresso, para a conquista de um lugar ao sol na paisagem do mundo ocidental. Tudo que nos resta é a expectativa de sobrevivência, a esperança de que a barbárie não vença de vez nossas ilusões de razão domestica.

O FANTASMA DA ERA PT

Lamentavelmente, a política tupiniquim ainda é vítima dos efeitos do populismo metafísico eleitoral dos ecos da era PT. Resultado disso é a bipolarização estéril que domina os debates eleitorais desde as eleições de 2014.

A cultura política da pós verdade, da afirmação das opiniões a revelia dos dados e fatos, é o que nos legou a narrativa ufanista petista de um país das maravilhas emergente. O PT acreditou nas próprias mentiras de governo e continua a afirma-las contra a realidade, mesmo depois da desastrosa e retumbante queda do governo Dilma sobre suas próprias estruturas. 

 De modo compensatório, uma contra narrativa conservadora anti petista se estabeleceu no polo oposto. Mas, semelhante a narrativa petista, ela procura moldar a realidade a imagem e semelhança dos valores que defende com extremismo. Em ambas as tendências a mais absurda afirmação moral , vestida de ideologia, se impõe contra os fatos e o bom senso.
 Já não há pluralismo, diversidade ou alternativas. Toda criatividade deve ser sufocada pelo efeito de uma verdade absoluta. É a cruzada contra o mal, a recusa do oposto, que inspira a falsa agenda política. 

É assim que o autoritarismo vem se afirmando no jogo das falsos engajamentos políticos. Em termos simples: a politica no Brasil foi lá fora e já volta. O que esta nos acontecendo em tempos de polarização é outra coisa....

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A NATURALIDADE DO CONSERVADORISMO

O pior de todos os conformismo é aquele que nos leva a acreditar que as coisas não podem funcionar ou ser de outro modo além daquele já estabelecido.

De modo geral não temos vocação para a experiência de mudanças. Elas sempre geram ansiedades e incertezas. Não importam as contradições e limitações de uma sociedade ou de uma situação, sempre desconfiados, enquanto coletividade, daquilo que se apresenta como novidade. Mudar é sempre abrir mão de um pouco de convicção.As situações só se modificam quando as pessoas estão dispostas à mudar. Por isso são sempre poucos que abraçam a mudança é a inovação. A maioria prefere seguir em frente pelos mesmos caminhos de sempre, se quer é capaz de formular algo novo em seu simples cotidiano.

ELE NÃO II



Embora predominantemente de centro esquerda, as mulheres que saíram as ruas no ultimo dia 29 de setembro não exibiam pautas fechadas e queriam mais do que barrar uma candidatura  conservadora e misógina. 

Existia nas ruas uma espécie de busca por uma dignidade da politica. Coisa que se perdeu nos movimentos tradicionais e na politica partidária.

As vozes de esquerda somavam-se a vozes anarquistas, apartidárias  ou simplesmente femininas. Não há rótulo que resuma o movimento. O que vale é sua intensidade, seu potencial. Há nele algo de imprevisível, uma espécie de prenuncio de um grande dia que talvez jamais chegue....

ELE NÃO



O dia 29 de setembro pode ter sido um sábado como outro  qualquer. Nada feriu a rotina e a mesmice de final de semana. O país não parou.  Entretanto,  em varias cidades as mulheres foram as ruas em um evento inusitado:  Um protesto contra uma candidatura conservadora que lidera as pesquisas de intensão de votos em uma iminente eleição  presidencial. 

Há leituras  diversas sobre o movimento organizados pelas redes sociais.  Há falas oportunistas e de reação, ao mesmo tempo. Mas o fato é que, em tempos de  desmobilizações, as mulheres ainda são capazes de mobilizar, de afetar a vida politica.  Por si só, o movimento, que é mais uma das tantas mobilizações politicas  femininas que marcaram os útimos anos, pela primeira vez, tenta interferir em uma eleição. 

É tempo novamente de falar em ética na politica em um momento de tantas corrupções e cinismos politico partidários.  Talvez as mulheres sejam  um devir que arrasta toda a sociedade em  espirais de perplexidade.