sexta-feira, 24 de junho de 2016

CONFISSÕES DE UM EX ATIVISTA POLITICO

Questões ideológicas me importam cada vez menos.  Já não cultivo a mesma ingenuidade e entusiasmos dos meus dezoito anos no que diz respeito a generosa aposta em grandes transformações sociais. Isso não faz de mim um conformado. Só percebi que as transformações sociais não são mera questão de vontade ou de mobilização coletiva. É antes de tudo necessário que o momento seja propicio. Além disso, raramente confio nos grandes lideres e portadores de ideologia. Penso por conta própria e não me deixo levar pelo entusiasmos vazio por causas perdidas.

Neste novo século, alguma coisa mudou quanto as nossas vivencias politicas. Elas não mais  realizam a aposta em uma sociedade futura menos contraditória do que a atual. Na verdade, desacreditamos cada vez mais no Estado e na sociedade politica como instrumento de transformação.  O surpreendente é que, apesar disso, não estamos nos tornando liberais. Apenas  nos tornamos descrentes do poder transformador da politica. Nos surpreendemos em um mundo de incertezas e desafios dentro do qual abstrações coletivas como cidadania e partidos políticos perderam qualquer atrativo.

Estamos por nossa própria conta contra estruturas de poder cada vez mais disfuncionais e alheias ao interesse publico. É como se a corrupção tivesse se instituído como principio do exercício do poder, agora privatizado por alguns poucos.


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