Questões ideológicas me importam
cada vez menos. Já não cultivo a mesma
ingenuidade e entusiasmos dos meus dezoito anos no que diz respeito a generosa
aposta em grandes transformações sociais. Isso não faz de mim um conformado. Só
percebi que as transformações sociais não são mera questão de vontade ou de
mobilização coletiva. É antes de tudo necessário que o momento seja propicio.
Além disso, raramente confio nos grandes lideres e portadores de ideologia.
Penso por conta própria e não me deixo levar pelo entusiasmos vazio por causas
perdidas.
Neste novo século, alguma coisa
mudou quanto as nossas vivencias politicas. Elas não mais realizam a aposta em uma sociedade futura
menos contraditória do que a atual. Na verdade, desacreditamos cada vez mais no
Estado e na sociedade politica como instrumento de transformação. O surpreendente é que, apesar disso, não
estamos nos tornando liberais. Apenas nos tornamos descrentes do poder transformador
da politica. Nos surpreendemos em um mundo de incertezas e desafios dentro do
qual abstrações coletivas como cidadania e partidos políticos perderam qualquer
atrativo.
Estamos por nossa própria conta
contra estruturas de poder cada vez mais disfuncionais e alheias ao interesse
publico. É como se a corrupção tivesse se instituído como principio do exercício
do poder, agora privatizado por alguns poucos.
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