A reinvenção social do individuo
no mundo contemporâneo, onde as estratégias de construção de sentido e codificação
da realidade alcançaram um leque quase ilimitado de possibilidades, permitiu
que o indivíduo isolado goze de uma autonomia cada vez maior no cultivo de sua
autoconsciência.
As pressões coletivas para o
enquadramento de cada um em personas formatadas de acordo com as expectativas e
demandas coletivas, já não constitui um impedimento para opções heterodoxas e
criativas. Podemos viver de acordo com nossas fantasias e orientações mais
pessoais.
A institucionalização da
liberdade do individuo, que fundamenta a luta de diversas minorias , sejam
,mulheres, gays, usuários de maconha ou ateus , é um dos maiores desafios da cultura
contemporânea. As resistências conservadoras fundadas na afirmação de valores
totalizantes e inspirados, na maior parte das vezes, por valores judaico
cristãos, são cada vez mais impotentes para fazer frente à consagração de
direitos aqueles que constroem identidade a margem do referencial de uma
moral pretensamente universal.
Em uma sociedade estupidamente
conservadora como a brasileira, esta reviravolta dos valores é objeto de
embates diários, seja no mais efêmero cotidiano, ou na arena das disputas
político ideológicas. Mas a radicalização do direito do individuo, impondo
restrições aos crivos e censuras da sociedade, são uma premissa da radicalidade
democrática. Sem tal conquista a
alteridade como referencia da vida social jamais se afirmará entre nós como uma
regra indispensável a convivência do eu
e do tu.
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