quarta-feira, 30 de maio de 2018

ESQUERDA DIREITA


terça-feira, 29 de maio de 2018

SOBRE O FUTURO

Não se inventa o futuro apostando no passado. O novo é sempre o inesperado, o intempestivo, o fora do tempo. 

Quem não sabe o devir não faz ideia do acontecer da vida, vive de fórmulas mortas e imaginações desertas. 

segunda-feira, 28 de maio de 2018

O EQUIVOCO ESQUERDISTA DIANTE DA GREVE DOS CAMINHONEIROS




Apesar de em um primeiro momento os empresários terem exercido significativa influencia na pauta reivindicatória dos caminhoneiros, catalisada pelo preço do diesel, o movimento soube afirmar-se a margem das negociações e impor sua própria pauta de forma autônoma.  

Mas o que me interessa aqui é a forma como a greve dos caminhoneiros, e sua queda de braço com o governo, vem sendo representada pelas narrativas de esquerda. Por ser um movimento a margem de influencias politico partidárias, comportando, diga-se de passagem, posicionamentos plurais sobre a conjuntura politica, uma parte da esquerda optou pela desqualificação do movimento e sua associação em broco com uma pauta conservadora. Acusam os caminhoneiros de defender intervenção militar ou simpatizarem com Bolsonaro.

 Na verdade também existem caminhoneiros pró lula e  não é possível dizer se algum posicionamento especifico possui relativa hegemonia. O fato é que tal questão não afeta o movimento grevista e nem mesmo define suas bandeiras ou pautas.

É lamentável ver uma esquerda desqualificando uma luta de trabalhadores pelo simples  fato de não corroborar ou servir de correia de transmissão de sua duvidosa politica eleitoreira. Mas o fato é que o PT e seus similares já perderam faz tempo qualquer relação com politica de base. Importam-se apenas em tomar o Estado pelo voto e instrumentaliza-lo para o fortalecimento de suas maquinas partidárias e caciques políticos. Em termos práticos, os partidos de esquerda sonham apenas com um capitalismo de Estado hoje caduco mas ainda capaz de viabilizar alternativas populistas. Mas em tempos de crise de representação e decadência das velhas formas orgânicas e institucionais de fazer politica, não há muito o que esperar dos partidos de esquerda.


sábado, 26 de maio de 2018

A LONGA ESPERA DE UM NOVO MOVIMENTO SOCIAL

Ao longo dos anos 2000 a sociedade civil organizada ( categoria que já caiu em desuso) perdeu qualquer protagonismo no cenário político nacional. Situação que se agravou durante a era PT , quando a cooptação fisiológica deu o tom da relação entre Estado e movimentos sociais. 

Foi apenas em 2013 que tal situação de marasmo e conformismo deu sinal de desgaste de novos ares, apontando para uma nova cultura juvenil e uma crítica radical das organizações e representações tradicionais, como sindicatos, UNE, etc.

Mas passada a primavera das jornadas de junho, ficamos na promessa do novo que ainda se insinua de forma episódica. A paralisação dos caminhoneiros deste ano é um bom exemplo. Em meio ao caos político atual, da falência da esquerda institucional e da velha cultura sindical, ainda aguardamos pelo futuro, por novas formas de organização e expressão das mais autênticas demandas da sociedade organizada.

A POLÍTICA ACIMA DO INTERESSE PÚBLICO

O grande paradoxo tupiniquim  é o fato  da política se colocar por aqui acima do bem comum e do interesse público.

Os autores coletivos se interessam apenas pela formação de governos, bancadas no parlamento e palavroso demagogo ideológico que apenas máscara a lógica do poder pelo poder.

Os politicamente engajados por força de ideologias de esquerda e direita do século passado comportam-se como macacos em uma jaula. Gritam e esperneiam palavras de ordem sem nada dizer. Tudo para manter o caduco jogo do poder.

CONTRA A LEI E A ORDEM

A garantia da lei e da ordem é a mais nefasta estratégia de manutenção da sujeição.

Afinal, a quem serve a lei e a ordem a não ser a uma minoria que vive às custas de um passado sempre atualizado?


Aqueles que a ameaçam, muitas vezes, são inspirados pelo futuro, por vislumbres de liberdade contra o conservadorismo das coisas.

Os que amam o futuro não devem temer um pouco de caos nem recuar diante da autoridade dos representantes das caduquices de Estado.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

CAOS URBANO


As paisagens dos grandes centros urbanos são caóticas. A má qualidade dos transportes públicos torna uma aventura circular pelos  espaços urbanos. Há uma série de outras interdições estruturais que variam de acordo com a metrópole da qual nos ocupamos. 

Em  cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo,  o território é recortado por zonas de insegurança pública. Viver a cidade é um risco constante. Isso torna impossível a construção de uma cultura cidadã já que habitamos espaços sociais onde os sinais de barbárie são maiores do que os de civilidade.

Superada à racionalidade modernista dos arquitetos do passado, que julgavam-se capazes de disciplinar a urbe segundo seus ideias delirantes, hoje temos consciência que o caos desenha o espaço urbano.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

QUANDO A POLÍTICA VAI A CADEIA


A condenação de  Luiz Hilario Mula da Silva e de Eduardo Azedo Azeredo, um ex presidente e um ex governador,  revelam que a cadeia não é a mesma para os políticos e o cidadão comum. A marca do poder garante privilégios no cárcere.

Eis mais um exemplo de como os políticos profissionais se tornaram uma espécie de casta social. Seu julgamento e punição segue ritos e punições diferenciadas.

Existe mesmo uma certa condescendência em relação a corrupção na vida pública. Mesmo quando ela é punida. Afinal, se o judiciário representa o poder, não deve surpreender sua dificuldade para punir sem pudor os crimes do poder.

sábado, 19 de maio de 2018

A VIRTUDE DOS ANORMAIS



Os moradores de rua são parte da paisagem das grandes cidades. Mas muito pouco ou nada se sabe sobre eles. Constituem uma espécie de categoria outra de pessoas que a sociedade formal prefere ignorar ou, simplesmente, manter sob controle ou vigilância.

Afinal, não se enquadram como cidadãos consumidores ou reprodutores dos valores vigentes. São exatamente os anormais que escapam a normatização, espécie de piolhos sociais que denunciam o quanto a própria sociedade falha na realização de seus ideias. Por isso são tão importantes como sintoma da fragilidade da ordem vigente. 

Mesmo que não tenham plena consciência do seu não lugar na realidade social, sua presença é sempre um desafio as falácias e fantasias da dita " boa sociedade".

CRISE E IGNORÂNCIA SOCIAL

Em tempos de crise generalizada da vida coletiva, impõe-se as consciências mais inocentes a elementar constatação de que o Brasil é um país que não funciona.

Podemos culpar os políticos por isso. E não estamos de todo errado ao faze-lo. Mas é todo um projeto elitista e excludente de cultura e sociedade que está sendo posto em xeque. Trata-se de constatar a fragilidade e a miséria  de todos nós, tão acostumados a entender por ordem os absurdos e desmandos embutidos em relações de poder perversas, em uma estrutura jurídica que se afasta de qualquer ideal de justiça, em uma fome de lucro e sucesso que não mede consequências e, acima de tudo, na falta de discernimento de uma população acostumada a viver como uma manada.

O mais surpreendente é que coletivamente, mesmo feridos e cientes da gravidade da crise, insistimos a pensar e agir como bestializados. E é bom deixar claro que isto independente de opções ideológicas de direita ou esquerda. A miopia é a mesma.

ELOGIO AOS DESAJUSTADOS

A verdade é o princípio da máquina de poder estatal. A partir da verdade inventa-se a norma, tudo aquilo que pode e deve ser pensado. Todas as expressões da vida são reduzidas à relações de poder e todo nosso comportamento é pré determinado pela consagração da verdade e do aceitável.

Apenas os desviantes, os inadequados, ainda tem alguma chance de respirar um pouco de ar puro de existência. Mas eles jamais serão a maioria em uma sociedade.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

A VIOLÊNCIA ACONTECE ONDE A VIDA NÃO TEM VALOR

A violência não é apenas promovida pelos infratores, pelo " criminoso" , mas por toda sociedade, pela lei e a ordem. Afinal, poucos tem lugar na " boa sociedade" dos que vivem bem. O caos e a barbárie é sempre a regra da maioria. A vida não tem valor. E essa premissa ecoa cada vez mais forte por todos os cantos da existência coletiva. A violência é o resultado natural de todos os nossos absurdos sociais e culturais.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

O BRASIL QUE EU QUERO....


Em referência ao projeto o Brasil que eu quero patrocinado pela globo às vésperas de uma melancólica eleição presidencial, caso fosse destes, que embarcam em qualquer promoção midiática, faria um vídeo dizendo que o Brasil que eu quero é aquele de quem vive no estrangeiro, dos que não tomam conhecimento do tamanho da merda e meleca verde e amarela  que não para de crescer.

DESENCANTAMENTO NACIONAL

O crescimento da violência urbana é um sintoma da falência de uma  sociedade incapaz de reinventar a si mesma.

A violência é sempre o somatório de uma multiplicidade de injustiças e desmedidas. Seja a corrupção na administração pública e a precariedade dos serviços prestados à população, a falta de oportunidades, seja de emprego ou de realização pessoal, a falta de cultura e civilidade,   a ausência de perspectivas futuras e tudo mais que define a brutalidade de um cotidiano absurdo.Em um país de todos os tipos de miseráveis e angustiados a violência tende a se tornar uma moeda cotidiana. Afinal, as instituições não funcionam e a existência não tem muito brilho.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

A DECADÊNCIA DA COMUNIDADE POLÍTICA



Os fatos políticos já não são mais “históricos” no sentido estabelecido pela racionalidade moderna. Não é mais possível derivar dele o sentido de um desenvolvimento progressivo e cumulativo. Já não avançamos em direção a panaceia de qualquer ideal de racionalidade ou de comunidade política.

Ao contrário disso, constatamos atônicos a decadência e a corrupção como vocação de todo sistema ou regime politico. Impera o eterno retorno, os ciclos de nascimento, crescimento e declínio, contra todas as idealizações e ideologias.

Constata-se, ainda, que a vida politica é frequentada pelos medíocres, pelos mais desqualificados a vocação pública.

terça-feira, 15 de maio de 2018

A DEMOCRACIA À SOMBRA DA DITADURA


A única vantagem da democracia é que formalmente temos o direito de nos indignar, de questionar as autoridades e expressar livremente o que pensamos. Mesmo assim, isso tem um limite. A democracia também possui um aparato repressivo para manter a ordem.Movimentos sociais não são bem vistos e, muitas vezes,  são considerados perigosos e reprimidos. O aparato jurídico, afinal, existe para servir ao poder e legitimar seu exercício, para alimentar nossa cotidiana desordem pública através da desfuncionalidade das normatizações.

A democracia nos proporciona a ilusão de que somos livres e escolhemos nosso destino. Mas muitas vezes ela pode ser tão opressora quanto qualquer ditadura. Assim sendo, retornamos ao ponto inicial: a única vantagem da democracia é poder condenar abertamente as sombras de ditadura que povo am nosso cotidiano mais elementar.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

CONTRA AS IDEOLOGIAS

Longe de mim  afirmar qualquer ideal de sociedade, dizer como as coisas deveriam ser. Não acredito em mundos perfeitos. Não cultivo a ilusão de qualquer reformismo social. Nada espero de nada. Tudo passa e muda em todas as direções. Amanhã será outro dia. Mas não será o dia de ninguém.

terça-feira, 8 de maio de 2018

A LEI SERVE SEMPRE AO PODER

As leis não servem necessariamente a justiça. Destinam-se a legitimação e garantia do poder vigente. Raramente contrariam a moral estabelecida e os conservadorismos que fazem dos costumes mas absurdos a retaguarda da lei. 

Há, até mesmo, certa cumplicidade entre o legal e o ilegal que  fortalece o crime. Não é preciso ser honesto para ser reconhecido como um homem de bem. Há, aliais, muita ambiguidade nas práticas legislativas e penais. Afinal, sabemos de longa data que a lei não trata todos como iguais.

Os maiores criminosos nunca são presos. Pois a lei serve sempre ao poder. Este monstro que a todos corrompe....

segunda-feira, 7 de maio de 2018

O BRASIL E A HERANÇA DE MAIO DE 1968

Em maio de 1968, na contra mão da primavera libertária que reinventada a cultura ocidental, o Brasil era prisioneiro de uma bolha nacionalista autoritária. Tanto do ponto de vista do discurso oficial da ditadura, quanto por parte da oposição de esquerda defensora de um nacional desenvolvimentismo. 

Talvez só em 2013 os ventos de 1968 sobraram por aqui por um curto e atrasado período. Mas foi o suficiente para semear horizontes e novas perspectivas que talvez algum dia germinem.

CETICISMO CÍVICO

Partidos políticos funcionam como organizações criminosas. Políticos são movidos à negociatas, privilégios e propinas. Todo mundo sabe. Mas ninguém grita.

No fundo, há certa tolerância em relação a corrupção. Tanto que o escândalo não virá protesto, indignação. Ninguém espera nada diferente da elite dirigente ou da máquina pública.
Por isso as pessoas ainda votam.

Julgam não ter outra escolha. Não acreditam em mudanças efetivas na atual é miserável ordem das coisas.

O FALSO OTIMISMO DO DISCURSO MIDIÁTICO

As crônicas jornalísticas sobre a situação política tupiniquim, tão farta na imprensa falada e escrita, registra apenas o midiático espetáculo midiático dos escândalos de corrupção, a mediocridade dos políticos e os absurdos de um senso comum tacanho que oscila entre a indiferença e o fanatismo de direita e esquerda. Impera sempre a retórica vazia de um futuro sem tantas contradições que , paradoxalmente, nasça da ordem falida  republicana e oligárquica da qual somos vítimas e reféns. Assim, apontam o caminho das ilusões eleitorais e das soluções de gabinete. Insinuam que o poder nos salvará do poder. Mas quem ainda é tão idiota para aceitar tal disparate midiático?

CRISE DA REPRESENTAÇÃO E A FALÊNCIA DA REPUBLICA



Nos dias de hoje, graças em grande parte as novas sensibilidades e codificações do real proporcionadas pela tecnologia digital, a ideia de participação politica deixou de ser monopolizada pela relação cidadão X partido ou representantes X representados. Poderíamos dizer, sem qualquer pretensão conclusiva, que há um redimensionamento da representação que já não passa necessariamente por agenciamentos coletivos institucionais. Pelo contrário, já não levamos muito a serio as soluções institucionais e verticais oferecidas pelos governos e suas maquinas partidárias.

 Há, portanto, uma crise do engajamento cívico, da própria esfera pública, cada vez mais reduzida a administração das coisas como uma categoria técnico/pragmática, algo reservado ao domínio de especialistas ou burocratas. Este discurso de saber/poder e apologia a autoridade dos especialistas, explica um pouco o desgaste dos políticos que, geralmente, são especialistas unicamente na arte de defender seus próprios interesses. Há mesmo um esvaziamento do próprio politico como esfera onde se produz a gestão dos assuntos públicos sem a interferência dos apetites privados. Por outro lado, isso não tem gerado, até agora, uma contra partida da sociedade, no sentido de sua auto organização e mobilização em torno de temas pontuais capazes de introduzir mudanças. Observa-se, ao contrário, um sentimento de dispersão, de desinteresse dos assuntos públicos. Afinal, o jogo da representação nos é oferecido como uma resposta final a qualquer possibilidade de organização politica. A república dita democrática seria a única forma de organização viável; algo inevitável e uma alternativa a ditadura.
O que a vida nos impõe é o sentimento de que não há saída, que é preciso  algo diferente que passe por uma nova forma de federação, por novas formas de organização que combinem estratégias de  representação indireta e direta fundamentadas por uma sofisticação maior do poder local e sua gestão.

Mais do que nunca é preciso exigir o impossível....  


A MISÉRIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS E SEU FINANCIAMENTO PÚBLICO


Um em cada três siglas não foi capaz de demonstrar a lisura de suas contas junto ao TSE. Em outras palavras, o fundo eleitoral aprovado na ultima pseudo reforma política, irá liberar recursos para pelo menos nove partidos caloteiros eleitoreiros ( PT, PSDB, PR, PPS. PCB, PCO, PRTB, PSL e PTN).  Esta é mais uma pequena amostra do quanto somos todos reféns de um modelo político viciado e corrupto. E o aumento de verba pública para as maquinas partidárias tende a piorar a situação, ou seja, a corrupção. As maquinas partidárias não são transparentes e muito menos democráticas. Pelo contrario, são oligárquicas e elitistas, representam exclusivamente seus próprios interesses corporativos e pouco se importam com a coisa pública. A representação é uma farsa. Nenhum poder institucional representa a população.



https://oglobo.globo.com/brasil/com-17-bilhao-para-usar-em-2018-partidos-tem-contas-reprovadas-21947700

quarta-feira, 2 de maio de 2018

MILÍCIA E POLITICA

O problema das milícias não é uma questão nova no Rio de Janeiro.  Antes de tudo trata-se de uma estratégia de poder construída à sombra da Polícia Militar e com articulações político partidárias. Não se resume a uma pretensa segurança pública privada, mas de uma verdadeira privatização de serviços, tráfico e mesmo roubo. Milícia é crime, mas se legitima e afirma nas entranhas do poder e da vida pública dominando territórios antes assombrados por traficantes.  Mas o que realmente mais assombra é a relação perversa entre milícia e política que se cristaliza , inclusive, através do domínio de associações de moradores e ligações com grupos evangélicos.