Nos dias de hoje, graças em
grande parte as novas sensibilidades e codificações do real proporcionadas pela
tecnologia digital, a ideia de participação politica deixou de ser monopolizada
pela relação cidadão X partido ou representantes X representados. Poderíamos
dizer, sem qualquer pretensão conclusiva, que há um redimensionamento da
representação que já não passa necessariamente por agenciamentos coletivos
institucionais. Pelo contrário, já não levamos muito a serio as soluções
institucionais e verticais oferecidas pelos governos e suas maquinas partidárias.
Há, portanto, uma crise do engajamento cívico,
da própria esfera pública, cada vez mais reduzida a administração das coisas
como uma categoria técnico/pragmática, algo reservado ao domínio de
especialistas ou burocratas. Este discurso de saber/poder e apologia a
autoridade dos especialistas, explica um pouco o desgaste dos políticos que,
geralmente, são especialistas unicamente na arte de defender seus próprios interesses.
Há mesmo um esvaziamento do próprio politico como esfera onde se produz a gestão
dos assuntos públicos sem a interferência dos apetites privados. Por outro lado,
isso não tem gerado, até agora, uma contra partida da sociedade, no sentido de
sua auto organização e mobilização em torno de temas pontuais capazes de
introduzir mudanças. Observa-se, ao contrário, um sentimento de dispersão, de
desinteresse dos assuntos públicos. Afinal, o jogo da representação nos é
oferecido como uma resposta final a qualquer possibilidade de organização
politica. A república dita democrática seria a única forma de organização viável;
algo inevitável e uma alternativa a ditadura.
O que a vida nos impõe é o
sentimento de que não há saída, que é preciso algo diferente que passe por uma nova forma de
federação, por novas formas de organização que combinem estratégias de representação indireta e direta fundamentadas
por uma sofisticação maior do poder local e sua gestão.
Mais do que nunca é preciso
exigir o impossível....
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