Apesar de em um primeiro momento
os empresários terem exercido significativa influencia na pauta reivindicatória
dos caminhoneiros, catalisada pelo preço do diesel, o movimento soube
afirmar-se a margem das negociações e impor sua própria pauta de forma autônoma.
Mas o que me interessa aqui é a
forma como a greve dos caminhoneiros, e sua queda de braço com o governo, vem
sendo representada pelas narrativas de esquerda. Por ser um movimento a margem
de influencias politico partidárias, comportando, diga-se de passagem,
posicionamentos plurais sobre a conjuntura politica, uma parte da esquerda
optou pela desqualificação do movimento e sua associação em broco com uma pauta
conservadora. Acusam os caminhoneiros de defender intervenção militar ou
simpatizarem com Bolsonaro.
Na verdade também existem caminhoneiros pró lula e não é possível dizer se algum posicionamento
especifico possui relativa hegemonia. O fato é que tal questão não afeta o
movimento grevista e nem mesmo define suas bandeiras ou pautas.
É lamentável ver uma esquerda
desqualificando uma luta de trabalhadores pelo simples fato de não corroborar ou servir de correia de
transmissão de sua duvidosa politica eleitoreira. Mas o fato é que o PT e seus
similares já perderam faz tempo qualquer relação com politica de base. Importam-se
apenas em tomar o Estado pelo voto e instrumentaliza-lo para o fortalecimento
de suas maquinas partidárias e caciques políticos. Em termos práticos, os
partidos de esquerda sonham apenas com um capitalismo de Estado hoje caduco mas
ainda capaz de viabilizar alternativas populistas. Mas em tempos de crise de
representação e decadência das velhas formas orgânicas e institucionais de
fazer politica, não há muito o que esperar dos partidos de esquerda.
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